Filipa Maia é um verdaderio exemplo de mudança. Deixou uma carreira bem sucedida na área da engenharia química, área na qual é douturada, para se dedicar a tempo inteiro à escrita e ao marketing digital. É a cara por de trás do Deixa ser e do Filipa Maia, o espaço homónimo onde partilha conteúdo relacionado com marketing e dedicado aos empreendedores criativos.
A gestão de tempo é a sua praia e já deu, inclusive, um wokshop relacionado com o tema. Nesta entrevista ao Influenciadores partilha onde vai buscar inspiração, os seus objetivos futuros e deixa um conselho para quem gostava de mudar de vida mas ainda não foi capaz de tomar a iniciativa.
Fala-nos um pouco sobre como, quando e porquê surgiu o Deixa Ser.
O Deixa ser surgiu da minha necessidade de escrever, no último trimestre de 2016. Decidi criar o blog na altura em que comecei a levar a minha escrita de ficção mais a sério. A escrita tornou-se algo indispensável na minha vida, e não queria esperar até ter um livro publicado, algo que ainda não sei quando acontecerá (mas há de acontecer!), para mostrar a minha escrita ao resto do mundo. Como esta realidade de partilha de algo criado por mim era uma coisa muito nova, o blog começou por ser anónimo e, ao início, tinha pavor que alguém descobrisse que eu escrevia. Mas acabou por ser uma questão de hábito, foi um processo muito natural até finalmente colocar o meu primeiro o último nome no lugar da autora, depois a fotografia, até ao ponto em que hoje estou perfeitamente confortável com o facto de escrever, ter o blog e que as outras pessoas saibam disso.
Se o tivesses de incluir numa categoria onde o incluirias e porquê?
Tenho algumas dificuldades, até porque o blog já mudou muito, acompanhando a minha própria transformação pessoal. Hoje em dia, diria que é um blog motivacional e de desenvolvimento pessoal.
Como é que te manténs inspirada e motivada para escrever diariamente?
Procuro inspiração em tudo o que vejo e em tudo o que faço. Qualquer momento pode originar um bom tema para um novo artigo. Desde os podcasts que ouço, os livros que leio, as conversas que tenho com amigos, ou até alguma conversa alheia que aconteça ouvir e que confesso também podem servir de inspiração. Outros blogs que admiro e que me inspiram também me motivam muito a continuar o meu trabalho enquanto blogger. Quanto à motivação, ela vem essencialmente do feedback que recebo dos leitores. Sou uma pessoa muito motivada intrinsecamente mas, ainda assim, por vezes há momentos mais difíceis em que questionamos se vale mesmo a pena continuar. Às vezes pergunto-me se está mesmo alguém do outro lado e se há pessoas que realmente valorizam aquilo que escrevo, principalmente nos dias em que não há tantas reações. Mas basta lembrar-me dos momentos em que recebo mensagens e emails de leitores que me contam que, de alguma forma, aquilo que escrevi teve um impacto positivo nas suas vidas. É esse feedback que me faz querer continuar e que me motiva a criar conteúdos cada vez mais úteis, com cada vez mais qualidade e de forma regular.
Quem são as tuas fontes de inspiração? Que blogs segues?
A minha maior fonte de inspiração é, sem dúvida, a Sofia Castro Fernandes, do às nove no meu blog. Já a sigo há tantos anos, muito antes de sequer me passar pela cabeça que um dia viria a ser blogger também. Admiro imenso a Sofia e o trabalho que ela faz e adoro os textos que escreve e que, muitas vezes, parecem falar diretamente ao nosso coração. Já tive também a oportunidade de fazer alguns workshops e um retiro com ela, que foram verdadeiramente transformadores, e sei que ali tenho um blog onde posso sempre ir buscar inspiração.
Para além da Sofia, deixo-me inspirar por algumas outras bloggers. A Vânia Duarte, do Lolly Taste é alguém que admiro imenso, pela sua honestidade, vulnerabilidade e abertura com que fala de tópicos bastante sensíveis.
Há muitos anos que sou seguidora assídua de blogs e há muitos outros blogs inspiradores e de qualidade que me inspiram diariamente e seria impossível referir todos. Mas para além de blogs, gosto de me deixar inspirar por projetos bonitos criados por bloggers, como o Bloggers Camp, que é um projeto de bloggers para bloggers e que já ajudou muitas pessoas a criarem ou melhorarem os seus blogs, e o Blogging for a Cause, um evento solidário criado por cinco bloggers, com palestrantes e patrocinadores que ofereceram o seu tempo e os seus recursos, e em que todas as receitas reverteram para cinco associações diferentes.
Como é que aplicas o teu trabalho em Marketing Digital ao blog?
Honestamente, não costumo pensar muito no meu trabalho em Marketing Digital quando estou a criar conteúdos para o blog. Talvez devesse, mas o blog acaba por ser o sítio onde escrevo o que me apetece e o que acho que faz sentido, sem ligar muito a keywords ou a otimizações, a números de palavras ideais para os artigos ou a aos títulos mais chamativos. Faço questão de ter um branding consistente, com imagens sempre tratadas da mesma forma, por exemplo, e também tenho a preocupação de escrever e formatar os artigos para web e de forma a ficarem muito bem legíveis em qualquer dispositivo. Uso três redes sociais diferentes para partilhar os meus conteúdos, mas simplesmente porque gosto de estar nessas redes. Uso algumas ferramentas de analytics, mas não ligo muito aos números, e tento ser consistente com a minha newsletter, já que sou super-fan do email marketing.
Como surgiu a ideia para um workshop sobre gestão de tempo? As pessoas aderiram bem?
Eu sempre fui muito organizada com o meu tempo e quando, em 2017, me vi com um trabalho a tempo inteiro, um blog para gerir, enquanto continuava a escrever os meus livros e começava a estudar para mudar de carreira, vi-me mesmo obrigada a procurar as melhores estratégias de planeamento e de gestão de tempo para conseguir conciliar tudo. Adoro estudar estes tópicos, por isso não me custa nada investigar estes assuntos e, entretanto, a gestão de tempo e o planeamento passaram a fazer parte dos meus pontos mais fortes. Naturalmente, comecei a falar disso no blog, até porque lá divulgo trimestralmente quais são os meus objetivos para os três meses seguintes, e os leitores reagiram muito bem a esse tipo de conteúdos, foram pedindo mais dicas e assim surgiu a ideia para o workshop, que preparei em conjunto com a Rita Amaral, do blog Erre Grande, já que ambas temos visões muito semelhantes de como deve ser feita uma boa gestão de tempo. Muitas pessoas mostraram interesse e, curiosamente, bastantes perguntaram sobre a possibilidade de uma edição online do workshop, o que acabou por me surpreender. Mas parece que o público em Portugal está a acompanhar bem as tendências do que se vê lá fora, de aproveitar cada vez mais o online e o digital para formações e cursos, e, quem sabe, este workshop venha mesmo a ter uma edição nesse formato.
Quais são os teus objetivos para o futuro do Deixa Ser?
O meu maior objetivo é continuar a inspirar e a motivar os leitores para irem atrás dos seus sonhos e terem vidas mais realizadas. A tagline do blog é “infinitas possibilidades” e é isso mesmo que quero mostrar a quem me lê: que há infinitas possibilidades para sermos felizes. A minha principal métrica são as mensagens e emails que recebo dos leitores, por isso o mais importante são mesmo as pessoas que estão do outro lado e que espero conseguir continuar a tocar.
Que conselho deixarias a quem quer mudar de vida mas ainda não foi capaz de dar o salto?
Acho que há duas grandes chaves para a mudança que, apesar de parecerem contraditórias, eu acredito que se complementam: um excelente planeamento, acompanhado de um forte grau de desprendimento desses mesmos planos. A minha própria mudança de vida já teve grandes planos, preparados ao detalhe, que entretanto já foram por água abaixo, ou por força das circunstâncias ou porque eu mesma assim o desejei. Acredito que estes são os aspetos principais de qualquer mudança significativa. É preciso ter um plano e ninguém deve decidir mudar de vida às cegas e sem saber o que acontecerá a seguir. Ao mesmo tempo, é preciso estar preparado para os imprevistos e estar disposto a mudar esses planos assim que necessário e sempre que fizer sentido. Eu acredito que tudo se faz e que tudo se resolve, mas nem sempre acontece da forma como idealizamos. E não faz mal nenhum, está tudo bem na mesma.